sábado, 27 de outubro de 2012

Paradichlorobenzene

Mais uma vez, eu saí sem dizer nada. Mas o clima é cada vez mais sufocante em casa, e não é como se a pessoa mais próxima que tive durante toda minha vida estivesse próxima agora.
Eu só queria ser um pouco malvada, odeio regras. Não gosto de aprender coisas que em 60% são inúteis. Não deveria-se aprender o que nos interessa? Isso não faz sentido, aprender coisas que odeio.
Sempre que saio, percebo que é tudo tão difícil! Eu faço coisas sem saber o significado. Quando quero encontrar o significado, saio pelas ruas, pensando, perguntando. Algumas pessoas me ignoram, e outras dizem que nunca chegaram a pensar nisso. Algo que todas tem em comum é a falta de respostas às minhas perguntas.
Acho que no fundo, não tem significado, não há resposta, nada pra encontrar. Passeio pelas ruas, canto, danço, grito, e não importa quem seja, animal ou humano, olha pra mim, assustado. Estou decaíndo, ou será eles? Estou vendo a decadência dos outros, ou apenas me olhando no espelho?
Não quero ser reprimida, então sempre fujo, sempre esquecendo das consequências. Que consequências? Meu irmão me odeia cada vez mais. Mas será que ele não pode simplesmente me entender? Não gosto quando me dizem o que fazer!
Afinal, pra quê estou vivendo? Por mais que me esforce pra saber, não consigo responder. Ninguém sabe, e a única coisa que posso responder, é pecado. Tem a ver com amor, mas é pecado. Amor em excesso por Sunny.
Olho para o céu, nublado agora, e me pergunto o que posso fazer agora, mas não tenho como responder. No dia seguinte, lá vai eu, fazendo coisas sem saber o significado delas.
Soube que Sunny tem sido idolatrado por algumas crianças, sei lá o motivo. Será que está satisfeito com o jeito que as coisas estão?
Encontrei meu irmão caído no chão, como se tivesse brigado, e o levei pra casa,  contando o motivo de minhas saídas. E perguntei:
- Sunny, o que é o bem? O que é o mal?
- Eu não sei...
Porque ele tinha de não saber? Eu preciso de uma resposta, por que nem ele podia me responder?
Comecei a divagar, mas sem esperar uma resposta, já que eu não a teria:
- Irmão, se eu quebrar as regras, alguma coisa nisso vai mudar? Aliás, de que vale minha vida? Eu não sei de mais nada...
Percebi que ele também divagava, e não importava com quem, eu queria dizer tudo. Por isso levei um susto quando me chamou de repente:
- Irmã, existe algum significado pra essa vida?
Pensei muito, por alguns minutos, quando respondi:
- Não existe significado pra essa vida. Só se for... - Você, meu irmão. Mas isso seria pecado, não é? Meu rosto esquentou.
- Estamos decaindo... - Ele comentou, com um riso seco. Como ele podia pensar isso? Ele era mais divino que eu, era mais forte que eu. Conseguia aguentar essa sociedade sem reclamar ou atrapalhar, e eu não conseguia. Ele era mais perfeito que eu.
Empurrei-o, num impulso, mas me arrependi e o puxei de volta, deitando parte do meu corpo em seu colo e o abraçando pela cintura, e encostei a cabeça em seu peito. Cheiro tão bom...
- Você estava certo, e eu estava errada. - Eu disse, tentando colocar nas entrelinhas que o único que decaía entre nós dois era eu.
- Dançar em palavras sem sentido é só uma forma de esquecer essa inutilidade que sentimos, não te recrimino. - Meu rosto se aqueceu mais uma vez ao sentí-lo acariciando meu cabelo, nossa única diferença física. O dele é mais claro e dourado, e o meu é bem escuro. Somos gêmeos idênticos, mas por pouco não somos iguais, como eu gostaria que fosse.
- Mas deveria. E o que você fazia com aqueles garotos, a ponto de eles te baterem?
- Coisas impossíveis de se perdoar. Acho que apenas se eu desistir de tudo agora, posso ser salvo.
Eu sabia o que aquilo significava. Ele pensava em suicídio.
- Não diga isso! - Gritei. Nossa maior semelhança era isso, nossos olhos. Azuis, cristalinos, mas com certeza o dele era mais límpido que o meu. Eu realmente não queria perdê-lo, o significado de minha vida era ele, só ele!
- Eu tenho que aceitar, perdoar, irmã, mesmo as risadas, os ciúmes...
CHEGA!
- Então por que não faz isso agora? - Gritei de novo.
- Não agora, estou cansado. - Me puxou de repente, carregando-me em estilo nupcial. Fiquei com vergonha, mas ao mesmo tempo, era bom aquela demonstração de carinho, tanto que me esqueci da raiva. Fiquei um pouco decepcionada ao ver que ele me deitou na minha cama, mas foi para a dele.
Relaxei um bocado, mas antes de cair no sono, Sunny comentou para o nada, achando que eu já tinha dormido:
- Nós seremos salvos?
Me sinto tão hipócrita... Eu tenho minha resposta. O significado dessa minha vida é Sunny. Mas a dele, qual será?

Continuação do outro. Esse teve mais insinuação de incesto que o outro, mas explica reações, ainda utilizando passagens da música original. A diferença é que Melody, que não tem o nome dito nesse, agora notei, sabe o significado da canção que é sua vida. Só que é errado sentí-la de acordo com a sociedade, que é mais hipócrita que ela.
É isso. Quando eu ver Toluene, talvez faça um texto sobre essa música também. Talvez...

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